Seja Bem Vindo!!!

Nada lhe posso dar que já não existam em você mesmo. Não posso abrir-lhe outro mundo de imagens, além daquele que há em sua própria alma.
Nada lhe posso dar a não ser a oportunidade, o impulso, a chave. Eu o ajudarei a tornar visível o seu próprio mundo, e isso é tudo.
(HERMANN HESSE)


Abençoados sejam, teus pés, que te conduzem pelo caminho!

Blessed be!!!

segunda-feira, 29 de junho de 2009

* A Antiga Arte, A Religião da Deusa*




“É Lua cheia.
Encontramo-nos no topo da colina que se estende sobre a baía.
Abaixo de nós, as luzes estão disseminadas como em vale de jóias brilhantes e aranhas-céu distantes varam a neblina como pináculos das torres dos contos de fadas.
A noite é encantada.
As nossas velas foram apagadas e o altar improvisado não consegue manter-se de pé por causa da força do vento, que sibila por entre os galhos de eucaliptos longilíneos.
Erguemos os braços e deixamos que ele sopre contra as nossas faces.
Estamos muito felizes, cabelos e olhos frementes.
As ferramentas não são importantes; temos tudo aquilo que é necessário para fazer o ritual: nossos corpos, nossa respiração, nossas vozes, um ao outro.
O circulo foi formado.
As invocações têm inicio... ...”


Em toda Lua cheia, rituais como o acima descrito acontecem no topo de colinas, praias, campos abertos e em casas comuns. Escritores, professores, enfermeiros, artistas, advogados, poetas, bombeiros e mecânicos de automóveis – mulheres e homens de varias formações unem-se para celebrar os mistérios da Deusa Tripla do nascimento, do amor e da morte e o seu Consorte, o caçador, que é o Senhor da dança da vida.
A religião que praticam chama-se Bruxaria (chamada por muitos de Antiga Arte)
Bruxaria é uma palavra que assusta a muitas pessoas e confunde outras.
No imaginário popular, as Bruxas são tudo o que é de mais horrendo e maléfico que existe.
Mais a Bruxaria é uma religião, talvez, a mais antiga religião existente no Ocidente.
Suas origens são anteriores ao cristianismo, judaísmo e ao islã; até mesmo ao budismo e ao hinduísmo e é muito diferente de todas as supostas grandes religiões.
A Antiga Religião, como a denominamos, esta em essência mais próxima às tradições nativas americanas ou ao xamanismo do Ártico. Ela não se baseia em dogmas ou em um conjunto de crenças, nem tampouco em escrituras ou num livro sagrado revelado por um homem.
A Antiga Arte retira os seus ensinamentos da natureza e inspira-se nos movimentos do Sol, da Lua e das estrelas, no vôo dos pássaros, no lento crescimento das arvores e nos ciclos das estações.

A palavra “Bruxa” possui tantas conotações negativas que varias pessoas perguntam por que usamos.
No entanto, recuperar a palavra “Bruxa” é recuperar o nosso direito, como as mulheres, de sermos poderosas; de conhecer o feminino presente no divino. Ser uma Bruxa é estar identificada com noves milhões de vitimas do fanatismo e do ódio e de sermos responsáveis por moldar um mundo no qual o preconceito não faça mais vitimas. Uma Bruxa é uma “moldadora”, uma criadora que dá forma e, portanto, torna-se uma sábia, cuja vida está impregnada de magia.
A Bruxaria sempre foi uma religião de poesia, não de teologia.
Os mitos, as lendas e os ensinamentos são compreendidos como metáforas d’ “Aquilo –Que-Não-Pode-Ser-Dito”, a realidade absoluta que as nossas mentes limitadas jamais conseguem apreender completamente. Os mistérios do absoluto nunca podem ser explicados, somente sentidos ou intuídos.
Atos simbólicos ou rituais são utilizados para desencadear estados alterados de percepção.
Quando falamos “dos segredos que não podem ser ditos”, não estamos querendo dizer, meramente, que regras no impedem de nos expressarmos livremente. Queremos dizer que a sabedoria interior, literalmente, não pode ser expressa em palavras. Ela só pode ser transmitida através da experiência e ninguém pode determinar o que a outra pessoa poderá vir a ter de qualquer que seja a experiência.

O amor pela vida em todas as suas formas é a ética fundamental da Bruxaria.
Nós honramos e respeitamos todas as coisas que têm vida e servimos às forças da vida.
Servir à força da vida significa trabalhar para preservar a diversidade da vida natural, para prevenir o envenenamento do ambiente e a destruição das espécies.
Transcrevo esse texto retirado do livro A Dança Cósmica das Feiticeiras, pois é exatamente o que A Deusa é pra mim. E quero compartilhar.
Saiba que como está escrito nesse texto, “Se aquilo que busca não está dentro de você, nunca achará fora de si.”
E é como eu penso, A Deusa está dentro de nós, cabe a nós mesmo ouvir o seu chamado.

Ouça a palavra da Grande Mãe, que, em tempos idos, era chamada de Artemis, Astartéia, Dione, Melusina, Afrodite, Ceridwen, Diana, Arionrhod, Brigit e por muitos outros nomes:

“Quando necessitar de alguma coisa, uma vez no mês, e é melhor que seja quando a Lua estiver cheia, deverá reunir-se em algum local secreto e adorar o meu espírito que é a rainha de todos os sábios.
Você estará livre da escravidão e, como um sinal de liberdade, apresentar-se-á nu em seus ritos.
Cante, festeje, dance, faça musica e amor, todos em minha presença, pois meu é o êxtase do espírito e minha também é a alegria sobre a terra. Pois minha lei é a do amor pra todos os seres.
Meu é o segredo que abre a porta da juventude e minha é a taça do vinho da vida, que é o caldeirão de Ceridwen, que é o gral sagrado da imortalidade.
Eu concedo a sabedoria do espírito eterno e, além da morte, dou a paz e a liberdade e o reencontro com aqueles que se foram antes.
Nem tampouco exijo algum tipo de sacrifício, pois saiba, eu sou a Mãe de todas as coisas e meu amor é derramado sobre a terra”

Assim sempre foi
Assim sempre será
E que o circulo nunca se rompa!!!

domingo, 28 de junho de 2009

A Deusa no Reino da Morte


Nesse mundo, a Deusa é vista na Lua, a luz que brilha na escuridão, aquela que traz a chuva, que move as marés, senhora dos mistérios. E, enquanto a Lua cresce e míngua, e anda três noites do seu ciclo na escuridão, diz-se que a Deusa, certa vez, passou três noites no reino da morte.
Pois, no amor, ela sempre busca seu outro self e, uma vez, no inverno do ano em que ele havia desaparecido da terra verde, Ela o seguiu e chegou, finalmente, aos portões além dos quais os vivos não entram.
O Guardião do portão desafiou-a e Ela desnudou-se de suas roupas e jóias, pois nada pode ser levado para aquela terra. Por amor, Ela estava confinada como todos os que ali penetram, e foi conduzida à morte.
Ele a amava e ajoelhou-se aos seus pés, deitando diante Dela sua espada e a coroa, deu-lhe o beijo quíntuplo e disse:
- Não retorne ao mundo dos vivos, mas permaneça aqui comigo e tenha paz, descanso e conforto.
Mas, Ela respondeu:
- Por que você faz com que todas as coisas que amo e prezo murchem e morram?
- Senhora – disse ele - , é destino de tudo aquilo que vive morrer. Tudo passa, tudo se esvai.
Eu trago conforto e consolo para aqueles que cruzam os portões, para que possam juvenescer . Mas você é o desejo do meu coração, não volte, fique aqui comigo.
E Ela ficou com ele durante três dias e três noites e, ao final da terceira noite, Ela tomou sua coroa, que se tornou a diadema que Ela colocou em seu pescoço, dizendo:
- Eis o circulo do renascimento.
Através de você todos saem da vida, mas através de mim todos podem nascer novamente. Tudo passa, tudo muda.
Mesmo a morte não é eterna.
Meu é o mistério do ventre, que é o caldeirão do renascimento.
Penetre em mim e me conheça e estará liberto de todo medo.
Pois se a vida é somente uma viagem para morte, a morte é somente uma passagem de volta para vida e, em mim, o circulo sempre gira.
Amorável, ele penetrou-a e, assim, renasceu para vida.
No entendo, ele é conhecido como o senhor das sombras, o confortador e consolador, aquele que abre os portões, rei da terra da juventude, o que dá paz e descanso.
Mas, Ela é a mãe graciosa de toda a vida; Dela todas as coisas nascem e para Ela devem retornar novamente.
Nela estão os mistérios da morte e do nascimento; Nela encontra-se a realização de todo amor.

{Mito Tradicional da Arte. Retirado do Livro – A Dança Cósmica das Feiticeiras}